Obra: Sem Título
Autor: Fernando Pareja & Leidy Chavez
"Nós temos a arte a fim de não morrer de verdade".
Nietzsche, Fragmentos póstumos
Ao entrar na penumbra da sala posso ouvir gritos, são incessantes e perturbadores, sou imerso em um ambiente criado visando o desconforto, um sentimento de hostilidade. Caminho pela sala no escuro, carregando comigo uma sensação estranha, então um foco de luz atrai minha atenção. Ao chegar próximo posso sentir a morte.
Pequenos bonecos correm incessantemente para o “moedor”, gritando! Pelos gritos posso imaginar que eles sabem do perigo iminente, mas não possuem outra escolha. O barulho é intenso, e a única imagem visível é a da morte. Me questiono do por que eles caminham em direção a ela?
O Eros está em silêncio, apenas o Tânato se presentifica, ele nos leva em direção à segregação de tudo que é vivo, à destruição. Escutando com mais atenção vejo que Freud se cala e escuto apenas Sade. A natureza seguindo seu curso destruidor e eterno, sua lei é criar para destruir e destruir para criar. Não há moral, não há sentido, todas as concepções de mundo caem por terra.
Talvez a nossa própria existência se resuma à essa corrida louca em direção a morte, habitamos uma esfera mortífera suspensa na escuridão. Busca-se não morrer. Esse aparelho mecânico simula a própria mecanicidade que há na existencia humana.
A arte pode ser o único meio capaz de revelar essa corrida que automaticamente somos todos inscritos ao nascer. A arte é a morte encarada de frente, com olhos abertos e vermelhos. Como o louco nietzscheano gritou na praça, podemos constatar: DEUS ESTA MORTO! A arte possibilita nos afastarmos desse ritmo cego, a arte nos obriga a encararmos a finitude. Rapidamente tudo some e o homem fica no escuro a espera de algo…. porém, nada há, nem mesmo o próprio homem, aquele que um dia acreditou poder criar um mundo para além da morte.
Links Úteis:
http://www.casadaros.net/index_rio.php?i=1135
Texto Produzido como exercício da disciplina Arte e Filosofia. Exercício de observação da Exposição Ilusões, 2º Semestre de 2014.
